sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Entenda o terrível Mercúrio retrógrado


(Mensageiro Sideral - Folha) OK, os astrólogos estão tocando o terror com esse papo de Mercúrio retrógrado. Mas que diabos é isso? O planeta resolveu dar meia volta em sua órbita e bagunçar o Sistema Solar? Seria mais um efeito de Nibiru?

Não priemos cânico, caríssimo leitor. Isso é apenas resultado de termos um sistema em que todos os planetas giram ao redor do Sol, e nenhum deles de fato anda para trás.

Claro, pareceu assim aos velhos astrônomos, que ainda achavam que a Terra era o centro do Universo e os astros todos giravam ao seu redor. (Essa, por sinal, é a base da astrologia, que trata o Sol e a Lua como planetas, todos orbitando a Terra.)

Com esse sistema dito geocêntrico era muito complicado explicar como, de vez em quando, certos planetas pareciam andar para trás no céu, por vezes descrevendo laços. Para explicar esses movimentos, o astrônomo Ptolomeu, no século 2 d.C., propôs um sistema de órbitas complicadíssimo, com círculos dentro de círculos. Uma bagunça danada e, ainda assim, ineficaz.



HELIOCENTRISMO AO RESGATE
Tudo ficou mais claro depois que Nicolau Copérnico, no século 16, colocou o Sol no centro do Sistema Solar. De repente ficou fácil entender por que Marte, por exemplo, fazia um movimento aparentemente retrógrado. Confira na imagem ao lado.

Quanto mais próximo do Sol está um planeta, mais depressa ele gira. Então, periodicamente a Terra ultrapassa Marte, que está mais longe do Sol, gerando o aparente movimento retrógrado.

Isso vale para todos os planetas além da Terra: Marte, Júpiter, Saturno, Urano e Netuno.

Certo, mas como explicar que Mercúrio, mais interno e mais rápido, também faz movimento retrógrado?

Ah, ocorre que a órbita de Mercúrio não é circular, como supunha Copérnico, e sim elíptica (oval), como constatou no século 17 Johannes Kepler. Na verdade, todas as órbitas dos planetas são ligeiramente ovais, mas a de Mercúrio é especialmente acentuada.

Em uma órbita oval, o planeta não avança sempre na mesma velocidade. Quando ele está mais perto do Sol, anda mais rápido; quando mais distante, ele anda mais devagar.

Então, eis que quando Mercúrio chega no ponto mais afastado do Sol, sua velocidade é lenta o suficiente para que a Terra o ultrapasse, produzindo o efeito retrógrado. Na verdade, o tal recuo do astro não passa de um efeito de perspectiva, e os planetas seguem avançando da mesma maneira ordeira que sempre fizeram! Não há razão científica para achar que Mercúrio retrógrado tenha algum impacto negativo sobre nada.

Os astrólogos, é claro, pensam diferente, porque interpretam o céu de forma simbólica, não científica. E não há nada de errado com isso, embora o Mensageiro Sideral se sinta obrigado a opinar que usar efeitos de perspectiva parece um jeito meio pobre de querer adivinhar o futuro. É como dar um passo para o lado, ver uma árvore se sobrepor a um carro ao fundo, e tratar isso como um sinal de mau agouro.

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