quinta-feira, 17 de julho de 2014

Viagem além de Plutão


(Mensageiro Sideral - Folha) Em julho do ano que vem, a espaçonave não-tripulada New Horizons deve passar de raspão por Plutão, o famoso e longínquo planeta anão. E depois, vai para onde? A Nasa está usando o Telescópio Espacial Hubble numa última tentativa de encontrar outro objeto ainda mais distante orbitando o Sol que possa ser visitado pela sonda antes que ela deixe nosso sistema planetário.

A missão foi lançada em 2006, numa jornada de alta velocidade rumo às profundezas do Sistema Solar. Ela partiu em janeiro, numa época em que Plutão ainda era contabilizado como o nono planeta. Meses depois, ele perderia o status, mas não o interesse científico. Com uma porção de luas e uma dinâmica complexa, Plutão é um dos mais interessantes membros de um grupo de objetos localizado além da órbita de Netuno, o cinturão de Kuiper. É como uma versão congelada e maior do cinturão de asteroides que existe entre Marte e Júpiter, remanescente do processo de formação dos planetas solares, 4,6 bilhões de anos atrás.

A jornada até lá é imensa. Para que se tenha uma ideia, Plutão está cerca de 33 vezes mais distante do Sol que a Terra. Estamos falando de quase 5 bilhões de quilômetros! Para fazer o percurso num tempo aceitável, a New Horizons teve de ser lançada em uma trajetória de altíssima velocidade, auxiliada por uma passagem de raspão por Júpiter, que a acelerou como um estilingue na direção de seu destino. Ainda assim, a viagem já dura 8,5 anos, com mais um pela frente antes do encontro com Plutão.

PASSOU LOTADO
Uma das consequências de chegar lá tão rápido quanto possível é que torna-se impossível frear no destino e, com isso, estabelecer-se em órbita de Plutão. Ou seja, a New Horizons terá algumas horas de furiosa coleta de fotos e dados científicos, enquanto passa zunindo pelo planeta anão, e então ela segue viagem rumo às profundezas do desconhecido. A exemplo das sondas Pioneer 10 e 11, assim como as Voyagers 1 e 2, a New Horizons deve deixar o Sistema Solar e se tornar uma viajante interestelar, assumindo uma órbita própria em torno do centro da Via Láctea.

Na época do lançamento, isso era menos um problema e mais uma oportunidade. Os cientistas contavam que, entre a partida, em 2006, e o sobrevoo, em 2015, os astrônomos descobririam muitos outros membros do cinturão de Kuiper que estivessem além de Plutão e pudessem ser visitados pela sonda antes do fim da missão. E aí isso se tornou o problema de contar com o ovo dentro da galinha — os anos se passaram e nenhum objeto adequado, que estivesse mais ou menos no caminho da sonda, foi encontrado.

Com o prazo se esgotando, a Nasa decidiu dar sua última cartada: apontar o venerável Telescópio Espacial Hubble naquela direção, na esperança de encontrar de última hora um alvo adequado para uma posterior visita da New Horizons.

Um teste-piloto foi realizado sob a autoridade do diretor do STScI (órgão responsável pelo gerenciamento do telescópio espacial) e mostrou que o lendário satélite estava à altura do desafio. Agora, entre julho e agosto, o Hubble fará intensas observações daquela região do espaço, na esperança de encontrar um objeto visitável.

O Mensageiro Sideral aguarda com ansiedade o resultado dessa busca e mais ainda a chegada da New Horizons a Plutão, no ano que vem. Afinal, não é todo dia que uma sonda chega aos confins do Sistema Solar para observar de perto o que existe por lá. Muitas surpresas decerto nos aguardam. Fique ligado!
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E mais:
Explorando Plutão (Ciência Hoje das Crianças)
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Por que Plutão não é mais um planeta? (Dermeval Carneiro - O Povo)

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