terça-feira, 26 de novembro de 2013

Coincidências em Mercúrio


(Pesquisa Fapesp) Um grupo internacional de astrônomos, incluindo o francês Julien Frouard, que acaba de concluir o pós-doutorado na Unesp em Rio Claro, acredita ter encontrado a explicação para uma das coincidências mais misteriosas do sistema solar: o movimento celeste de Mercúrio, o menor dos planetas, com apenas um terço do tamanho da Terra, e o mais próximo do Sol. Os pesquisadores tentaram entender a relação entre seu período de rotação, o tempo que Mercúrio leva para completar uma volta girando em torno de si, e seu período de translação, o tempo que o planeta demora para dar uma volta em torno do Sol. Seu período de rotação, de 58 dias terrestres, é exatamente igual a dois terços de seu período de translação, de 88 dias.

Em outras palavras, a cada três dias mercurianos se completam dois de seus anos. O problema é que, por estar tão perto do Sol, era esperado que a intensa força gravitacional da estrela desacelerasse a rotação de Mercúrio até o ponto em que o seu dia durasse o mesmo que o seu ano. Por que esse processo foi interrompido justamente na proporção de três para dois? Frouard e seus colegas apresentaram em outubro, na reunião anual da Sociedade Astronômica Americana, um novo modelo da história de Mercúrio, desde a sua origem há cerca de 5 bilhões de anos, e que leva em conta detalhes de como o corpo rochoso do planeta sofreu com a gravidade solar. Eles concluíram que a influência do Sol, aliada à órbita mais alongada de Mercúrio, travou precocemente seu movimento, dezenas de milhões de anos depois de sua formação, nas proporções observadas atualmente.

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