sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Trabalho de outro mundo

Conheça a experiência, os desafios e conquistas de controlar um robô em Marte


(Ciência Hoje das Crianças) Você alguma vez já pensou em dirigir quando for um adulto? E que tal pilotar um jipe-robô pela superfície de outro planeta? Incrível, não é? Este é justamente o trabalho da engenheira indiana naturalizada norte-americana Nagim Cox, do Laboratório de Propulsão a Jato (JPL) da Agência espacial norte-americana (Nasa).

Nagim coordena um grupo de cientistas do mundo todo que define as atividades diárias da sonda Curiosity, que está há dois anos em Marte – o que é bem mais complicado do que parece, mas também divertido! “É como viajar com os amigos: cada um quer fazer algo diferente, há muita coisa legal para fazer, mas é preciso escolher”, diz. “Uma das coisas mais bacanas desse trabalho é ver em primeira mão fotos de Marte que a humanidade nunca viu antes.”

Desde 2012, a Curiosity tem explorado Marte e, usando imagens de satélites para evitar terrenos perigosos, com rochas afiadas ou muita areia, ela chegou ao seu destino final, o Monte Sharp.

Agora, começa uma nova fase. “Já provamos que existiu água lá e vamos estudar a montanha para saber se também houve vida”, diz a engenheira. As várias camadas de solo visíveis na encosta do Monte Sharp são como livros de história que mostram a evolução do ambiente marciano de períodos muito antigos até hoje.

Bons e maus momentos
Nagim lembra que um dos momentos mais marcantes da missão foi justamente o pouso em Marte. O método utilizado era inédito e dependia de procedimentos automáticos que envolviam jatos e para-quedas. “Durante ‘sete minutos de terror’, a sonda teria que operar sem contato com a Terra, foi emocionante”, lembra. “Quando recebemos as imagens da Curiosity em segurança no solo, foi como olhar o planeta com nossos próprios olhos, comemoramos e choramos de alegria.”

Nessa época, todos os envolvidos com a missão tiveram que viver no fuso horário de Marte, onde o dia tem 40 minutos a mais do que o da Terra. “Não foi fácil, durante três meses, chegávamos ao trabalho 40 minutos mais tarde: 8h, 8h40, 9h20…”, contou. “Foi divertido, mas também muito cansativo, pois trabalhamos até de madrugada e o resto da nossa vida, família e amigos continuou no ritmo da Terra, uma confusão!”

E toda essa trabalheira e nervosismo vai se repetir em 2020, já que a Nasa planeja mandar mais uma sonda para Marte – passo importante antes de enviar os primeiros humanos ao planeta. “Com a Curiosity, analisamos a quantidade de radiação recebida na viagem e na superfície do planeta, o que é fundamental para criar trajes espaciais adequados”, diz. “Agora vamos testar a capacidade de produzir itens básicos para a vida dos astronautas a partir de recursos do próprio planeta.”

A tecnologia em questão se chama utilização de recursos in situ (ISRU, na sigla em inglês) e visa, por exemplo, produzir oxigênio, essencial para vida humana, a partir de gás carbônico, que é abundante em Marte – afinal, como as viagens de ida e volta até o planeta levarão meses, seria impossível carregar todo o oxigênio necessário desde a Terra. E você, já está animado para acompanhar mais essa grande aventura espacial?

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