quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Messenger: 200 mil fotos de Mercúrio!


(Cássio Leandro Dal Ri Barbosa - G1) Mercúrio é o menor planeta do Sistema Solar. Sua distância média até o Sol é de 58 milhões de quilômetros, pouco mais de um terço da distância da Terra até o Sol. Isso o faz um mundo interessante de ser estudado: com essa proximidade toda, ele leva quase 88 dias terrestres para completar uma órbita em torno do Sol.

Só que a esta distância, Mercúrio sofre o efeito da intensa força gravitacional, provocando um fenômeno chamado de ressonância gravitacional do tipo 3:2, isto é, para cada 2 voltas em torno do Sol, Mercúrio completa 3 voltas em si mesmo. Ou seja, em 2 anos, temos só 3 dias em Mercúrio; o dia mercuriano tem 59 dias terrestres. Nesse mundo esquisito, as temperaturas estão entre -170 (onde bate uma sombrinha) e 500 graus Celsius onde o Sol bate.

Justamente por sua proximidade com o Sol, mandar uma nave que consiga estabelecer e manter uma órbita estável ao redor do planeta é uma tarefa muito difícil. Pense bem, a nave está indo em direção ao Sol, ou seja, sendo constantemente acelerada e as manobras para inserir a nave numa órbita ao redor de Mercúrio exigiriam grandes quantidades de combustível.

Por esse motivo, apenas duas sondas já o exploraram: a Mariner 10, em 1975 e a Messenger, lançada apenas em 2004. A Mariner 10 efetuou apenas 3 sobrevoos de Mercúrio e ficou claro que nesses mesmos moldes um segunda missão necessitaria de uma nave muito maior e portanto de um lançador muito mais potente. Somente em 1985, foi estabelecida uma maneira mais econômica de fazer essa viagem, com disparos ocasionais dos seus propulsores, mas principalmente com o uso da força gravitacional da Terra e de Vênus.

Levou quase 7 anos para que a sonda chegasse a Mercúrio e entrasse em órbita ao seu redor. Nesse meio tempo, ela passou 2 vezes pela Terra e por Vênus e precisou fazer 3 sobrevoos de Mercúrio antes de estabelecer sua órbita definitiva.

O primeiro dos sobrevoos aconteceu em janeiro de 2008 e desde então a Messenger vem estudando o planeta com diversos instrumentos e já tirou mais de 200 mil fotos da superfície do planeta, como a imagem acima, que mostra uma aparência não muito diferente da Lua.

Não obstante a temperatura em Mercúrio chegar a ser tão alta a ponto de derreter chumbo, acredita-se que possa existir gelo no fundo de crateras onde nunca bate Sol. Nessas regiões, a temperatura ficaria sempre em -170 graus C e, coberto por uma camada fina de poeira, o gelo não evaporaria para o espaço. Estimativas dizem que seria possível haver em Mercúrio até 1% de todo o gelo antártico! Só que até agora ninguém conseguiu explicar de onde veio tanto gelo assim.

Outra descoberta surpreendente da Messenger é que o planeta possui uma tênue atmosfera. Mercúrio é pequeno e muito quente para reter gases e, na verdade, o que existe é uma quantidade ínfima de hélio, hidrogênio, sódio, cálcio e potássio formando uma exosfera. Hidrogênio e hélio vêm do vento solar, enquanto que os outros elementos devem ser originários do decaimento radioativo das rochas. Até mesmo traços de vapor d’água foram detectados, provavelmente fruto do impacto de cometas com a superfície.

A missão da Messenger terminou em 2012, mas como ela está perfeitamente operacional, uma extensão foi aprovada para 2013 e uma sequência para 2014 está aguardando por aprovação.

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