segunda-feira, 27 de janeiro de 2014
Opportunity completa 10 anos: novos achados de antigo rover
(Astronomia On Line - Portugal) Novas descobertas em amostras de rochas recolhidas e examinadas pelo rover Opportunity da NASA confirmaram um ambiente húmido passado, mais ameno e antigo que as condições ácidas e oxidantes que rochas examinadas anteriormente indicavam.
Na edição desta semana da revista Science, Ray Arvidson, investigador adjunto do Opportunity e professor da Universidade de Washington em St. Louis, EUA, escreve em detalhe acerca das descobertas feitas pelo rover e como estas descobertas moldaram o nosso conhecimento do planeta. De acordo com Arvidson e outras pessoas da equipa, a última evidência do Opportunity constitui um ponto de referência.
"Estas rochas são mais velhas do que todas as examinadas anteriormente na missão, e revelam condições mais favoráveis para a vida microbiana do que qualquer evidência estudada previamente pelo Opportunity," realça Arvidson.
Enquanto a equipa do Opportunity celebra o 10.º aniversário do rover em Marte, também anseiam descobertas por vir e como uma melhor compreensão de Marte irá ajudar a avançar planos para missões humanas ao planeta na década de 2030.
A missão original do Opportunity tinha uma duração planeada de apenas três meses. No dia do seu 10.º aniversário no Planeta Vermelho, o Opportunity examina a borda da Cratera Endeavour. Já percorreu 38,7 km desde que aterrou no dia 24 de Janeiro de 2004. Encontra-se praticamente do lado oposto do planeta em relação ao rover mais recente da NASA, o Curiosity.
Para encontrar rochas para estudo, a equipa do rover no JPL da NASA em Pasadena, no estado americano da Califórnia, fez com que o rover andasse às voltas, estudando o terreno em busca de rochas promissoras numa área da borda da Endeavour chamada Matijevic Hill. A busca foi orientada por um instrumento de mapeamento mineral a bordo da sonda Mars Reconnaissance Orbiter (MRO) da NASA, que chegou a Marte em 2006, muito tempo depois do final originalmente esperado da missão do Opportunity.
A partir de 2010, o instrumento de mapeamento, com o nome CRISM (Compact Reconnaissance Imaging Spectrometer for Mars), detectou evidências em Matijevic Hill de um mineral argiloso conhecido como esmectita rica em ferro. A equipa do Opportunity definiu como meta examinar este mineral no seu contexto natural - onde se encontra, como está situado em relação a outros minerais e as camadas geológicas da área - um método valioso para a recolha de mais informações acerca deste ambiente antigo. Os investigadores pensam que as condições húmidas que criaram a esmectita rica em ferro precederam a formação da Cratera Endeavour há cerca de 4 mil milhões de anos atrás.
"Quanto mais exploramos Marte, mais interessante se torna. Os achados mais recentes apresentam ainda outro tipo de 'presente' que por coincidência coincide com o 10.º aniversário do Opportunity em Marte," realça Michael Meyer, cientista-chefe do Programa de Exploração de Marte da NASA. "Estamos descobrindo mais lugares onde Marte revela um passado mais quente e molhado. Isso dá-nos um maior incentivo para continuar a procurar evidências de vida passada em Marte."
O Opportunity não sofreu muitas mudanças no estado de saúde ao longo do último ano e o veículo permanece um parceiro de pesquisa capaz para a equipa de cientistas e engenheiros que planeiam as actividades diárias do rover.
"Estamos esta semana a olhar para o legado da primeira década do Opportunity, mas há mais coisas boas pela frente," realça Steve Squyres, da Universidade de Cornell em Ithaca, Nova Iorque, investigador principal da missão. "Estamos a examinar uma rocha mesmo em frente do rover que é diferente de tudo o que já vimos antes. Marte continua a surpreender-nos, tal como na primeira semana da missão."
O gémeo do Opportunity, Spirit, que trabalhou durante seis anos, e o seu sucessor, Curiosity, também contribuíram com valiosas informações acerca dos diversos ambientes húmidos do passado de Marte, desde fontes termais até cursos de água. As sondas marcianas em órbita, a Odyssey e a MRO, estudam todo o planeta e ajudam os rovers.
"Ao longo da última década, os rovers fizeram do Planeta Vermelho o nosso local de trabalho, o nosso bairro," comenta John Callas. "A longevidade e as distâncias percorridas são notáveis. Mas ainda mais importante são as descobertas e a geração que estão inspirar."
----
Matérias similares na Folha (com infográfico), Veja, Correio Braziliense, Scientific American Brasil e Galileu
----
E mais:
Editorial: Dez anos em Marte (Folha)
.
Propício à vida (Ciência Hoje)
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário