quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Chance de achar substância orgânica é "quase inexistente", diz chefe de missão em Marte

(Folha) "As chances de nos depararmos com uma rocha em Marte e encontrarmos substâncias orgânicas são quase inexistentes." Com esta frase, John Grotzinger, o cientista-chefe da missão do jipe-robô Curiosity em Marte expôs ontem sua expectativa para uma das metas do projeto.

Grotzinger chegou ontem a Boston para o encontro da AAAS (Associação Americana para o Avanço da Ciência) questionado sobre se a Nasa já teria resultados positivos comprovando que o planetateria sido habitável no passado. É a segunda vez em menos de seis meses que esse tipo rumor circula, e Grotzinger adotou no congresso uma postura mais cautelosa do que aquela com que a Nasa costuma divulgar a missão.

Questiona por jornalistas sobre se a agência espacial está segurando informação do público, o cientista negou.

"As expectativas de todos estão extremamente altas para coisas que só descobriríamos sob as mais extraordinárias condições", disse. "Nós adoraríamos encontrar substâncias orgânicas em Marte. Mas a verdade é que, mesmo num planeta com água como o nosso, que teve vida no passado, ela quase nunca é preservada por longo tempo."

Segundo o cientista, porém, a busca de substâncias orgânicas continua sendo um dos objetivos da missão, mesmo não sendo o principal.

"De um jeito ou de outro, vamos tentar", disse Grotzinger. "Se não encontrarmos nada, isso também não vai significar que Marte não tenha sido um ambiente habitável. Pode ser que ele tenha sido habitável, mas que a preservação de substâncias orgânicas não tenha sido favorecida."

OUTROS SINAIS
Segundo o cientista do JPL (Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa), a meta mais geral da missão não sofre nada com o reconhecimento de que substâncias orgânicas são difíceis de achar, pois há outras maneiras de buscar indícios de condições favoráveis à vida em Marte.

"Estamos procurando sinais de água, estamos procurando substâncias que representam os blocos de construção da vida e estamos procurando substâncias que digam algo sobre qual fonte de energia poderia ter sido usada por microorganismos no planeta caso eles tenham existido."

Os geólogos da missão identificaram no início do mês uma rocha que aparenta ter interagido com água no passado e começaram a usar a broca do jipe para fazer a primeira operação de perfuração.

A poeira resultante do processo deverá então ser recolhida pela pá do Curiosity e levada até uma peneira interna que serve para preparar amostras.

Após isso, o material será jogado dentro de um dos instrumentos de análise mineralógica do jipe, que pode dar pistas sobre o passado da rocha.

O preparo da amostra leva uma semana, diz Grotzinger, e a análise deve demorar ainda mais, porque pode ter de ser feita mais de uma vez. É possível que algum resultado sobre essa primeira análise saia antes de abril.

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