quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Novas missões devem ser lançadas até 2020 para buscar vida em Marte



(Folha) Em dez anos, se há alguma forma de vida facilmente acessível nos primeiros centímetros do solo marciano, é bem provável que já tenhamos ouvido falar dela.

Essa é a tônica da próxima fase da exploração não tripulada do planeta vermelho, promovida conjuntamente pela Nasa, agência espacial americana, e a ESA, sua contraparte europeia.

Até 2020, haverá três missões que confrontarão a pergunta em torno da qual todos têm dançado nos últimos anos: há vida em Marte?

Além dessas, duas outras -as primeiras a serem lançadas- tratarão de questões diferentes, mas também intrigantes: a estrutura interna do planeta vermelho e a dinâmica de sua alta atmosfera (veja quadro).

A NASA E O VÁCUO
Até recentemente, havia um grande vazio na agenda da agência americana no que diz respeito a Marte. Duas possíveis sondas estavam em estudo para lançamento até 2016. Dali em diante, era uma folha em branco. Em meio à difícil situação econômica mundial, parecia até que os americanos estavam tirando o pé do acelerador.

Diante disso, os ianques se sentiram na obrigação de mostrar que ainda tinham gana de explorar o planeta vermelho e acabam de anunciar sua intenção de enviar, em 2020, um novo jipe, nos moldes do modelo mais recente levado a Marte.

Desta vez, a missão será procurar vida para valer e não os simples pré-requisitos para sua existência, como o Curiosity está fazendo agora.

Contudo, antes que o novo veículo americano faça isso, uma missão europeia pode roubar a descoberta.

COMPETIÇÃO
O ambicioso projeto ExoMars está separado em duas etapas. Na primeira, em 2016, os europeus lançarão um satélite para mapear a presença de metano na atmosfera de Marte --o que pode ser um indicador de vida-- e um veículo de pouso controlado.

Na segunda etapa, em 2018, um jipe de seis rodas buscará vida diretamente na superfície. Os russos prometeram ajudar, com grana e conhecimento, e os americanos aceitaram colaborar.

Procurar vida marciana não é exatamente uma novidade. Em 1976, as sondas americanas Viking 1 e 2 pousaram no planeta vermelho com um experimento projetado para detectar bactérias.

O dispositivo recolhia uma amostra de solo e colocava-a numa câmara, onde era banhada por uma solução de nutrientes. Se houvesse reação, estaria comprovada a presença de organismos vivos metabolizando alimento.

Ou não, pois o experimento foi conduzido e houve reação. Mas a análise das curvas de consumo dos nutrientes mostrava que eles eram rapidamente devorados e o processo parava de uma vez.

O padrão sugeria mais uma reação não biológica do que a atividade de bactérias.

O teste mostrou como é complicado buscar criaturas alienígenas sem saber o que procurar e, desde então, a Nasa adotou uma nova estratégia: cobrir de forma sistemática os enigmas do planeta vermelho, respondendo a questões como "Há água em Marte?" e "O planeta já reuniu condições para a vida?"

Foi nesses temas que as últimas missões avançaram.

Os jipes Spirit e Opportunity, lançados em 2003, demonstraram que Marte já teve água em abundância no passado; a sonda Phoenix, enviada em 2007, provou que ainda há gelo no subsolo e o Curiosity está fazendo análises sem precedentes em busca de compostos orgânicos.

Tudo parece apontar -na pior das hipóteses- para um passado favorável à vida. Se ela de fato floresceu e ainda resiste em algum lugar, ninguém sabe.

É onde entrará o novo jipe da Nasa, em 2020. "Ele será uma base científica móvel num local selecionado por sua habilidade de preservar evidências de vida", afirma James Green, diretor da divisão de ciência planetária da agência americana.

A agência ianque trata o esforço como a última etapa para a realização de uma futura missão de retorno de amostras, na década de 2020, a ser seguida pelo envio de astronautas, nos anos 2030.
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Matéria com infográfico aqui

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