quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Trânsito movimentado



(Cesar Baima - O Globo) Como prometido e atrasado, cá estou com o post inspirado pelo trânsito de Vênus, que chamou a atenção de astrônomos e curiosos ao redor do mundo no início do mês. Infelizmente, o fenômeno não pôde ser observado aqui do Brasil, mas me levantou algumas curiosidades. A primeira delas é com relação a como vemos o Sol. Já tinha visto fotos dos veículos-robôs da Nasa do por do sol em Marte e fiquei imaginando como ele iria diminuindo de tamanho aparente no céu a medida que fôssemos para os planetas exteriores do Sistema Solar. Com ajuda da “Camilla”, a galinha de borracha mascote do SDO, o recém-lançado Observatório de Dinâmica Solar da agência espacial americana, saciei rápido esta, como vemos na imagem que abre o post.

Passei então para a segunda curiosidade: como e com que frequência seriam vistos os trânsitos da própria Terra por hipotéticos observadores nos planetas exteriores do Sistema Solar. Mais uma vez, uma cuidadosa busca na internet respondeu minhas questões. John Rennie, ex-editor da Scientific American, reuniu todas as respostas em um único post no seu blog na rede da Public Library of Science. Quem quiser, pode acessar este link para ler tudo, mas resumindo:

De Marte, os trânsitos da Terra seguem um complexo ciclo de 284 anos, dividido em períodos de 100,5 anos, 79 anos, 25,5 anos e depois novamente 79 anos. O último foi em 11 de maio de 1984 e o próximo deve acontecer 10 de novembro de 2084 (quando espero que humanos de uma colônia pioneira no planeta vermelho possam observá-lo...)

De Júpiter, os trânsitos da Terra começam a ficar menos impressionantes. Afinal, somos um planeta bem pequeno e o disco solar também está parecendo cada vez menor. Por outro lado, eles também ficam mais frequentes e menos espaçados. O próximo deverá ocorrer já em 5 de janeiro de 2014, seguido nos próximos 100 anos por outros em 2026, 2055, 2067, 2072, 2079, 2084, 2091, 2097 e 2109.

De Saturno, se você conseguir tirar os olhos dos belos anéis do planeta e sua miríade de luas, o trânsito da Terra mais próximo está previsto para 20 de julho de 2020, com outros em 2049, 2064, 2078 e 2093 ao longo do século.

De Urano, os trânsitos da Terra acontecem em grupos de oito a nove separados por cerca de um ano em ciclos de 40 anos. Assim, o próximo será em 17 de novembro de 2024, repetindo-se anualmente por volta da mesma época até 2032 e depois só voltando a ocorrer em novo agrupamento entre maio de 2065 e junho de 2072.

De Netuno, temos padrão similar a Urano, só que com os agrupamentos separados em ciclos de 80 anos, com o próximo previsto para 23 de janeiro de 2081 e o último do século em fevereiro de 2088.

Por fim, quando estava preparando este post, me deparei com uma lista de ilustrações postada pelo pessoal responsável pela missão Voyager (que por sinal completa 35 anos este ano, aguardem mais sobre o assunto). Elas mostram como seriam vistos os trânsitos dos planetas de um ponto de vista do planeta seguinte nas órbitas em torno do Sol. Difícil não ficar impressionado imaginando a visão do trânsito de Júpiter a partir de Saturno ou o de Saturno a partir de Urano... (com um telescópio com filtro, claro, já que como vemos na imagem que abriu o post o disco solar já parece bem pequenino de tão longe!)

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