sexta-feira, 29 de junho de 2012

Sonda Cassini encontra sinais de oceano em lua de Saturno



Lua maleável
(Inovação Tecnológica) Medições do campo gravitacional de Titã, uma das luas de Saturno, obtidas pela sonda Cassini, sinalizam a existência de um oceano de água sob a superfície, como vem sendo sugerido por pesquisadores há vários anos.

A Cassini vem recolhendo dados sobre Saturno e suas luas desde que a sonda entrou em sua órbita, em 2004.

Ela efetuou medições da gravidade durante seis sobrevoos realizados sobre Titã, entre 2006 e 2011, o suficiente para lançar novas luzes sobre a estrutura interior da lua.

Luciano Iess, da Universidade La Sapienza, na Itália, analisou os novos dados e descobriu que eles revelam o interior de Titã como muito flexível, deformando-se de tal maneira que só seria compatível com um enorme corpo liquefeito mexendo-se no interior da lua.

Ele e seus colegas dos EUA e da Itália identificaram oscilações de maré muito fortes conforme a lua orbitava em torno de Saturno.

Marés sólidas
Se Titã fosse composta inteiramente de rocha sólida, a atração gravitacional de Saturno poderia causar protuberâncias, ou "marés sólidas", de não mais do que 1 metro de altura.

Mas os dados mostram que Saturno cria marés sólidas de aproximadamente 10 metros de altura, o que sugere que Titã não é inteiramente formada por material rochoso sólido.

Na Terra, as marés resultantes da atração gravitacional da Lua e do Sol puxam nossos oceanos superficiais. No mar aberto, essas marés podem atingir 60 centímetros.

Embora a água seja mais fácil de se mover, o puxão gravitacional também faz com que a crosta da Terra apresente protuberâncias, com marés sólidas de cerca de 50 centímetros.

Oceano de Titã
A presença de uma camada subsuperficial de água líquida em Titã não é em si um indicador para a vida.

Os cientistas acreditam seja mais provável que a vida surja quando água líquida entra em contato com rochas, e essas novas medições não permitem concluir se o fundo do oceano de subsuperfície é feito de rocha ou de gelo.

Mas os resultados têm uma grande importância para o mistério da reposição de metano em Titã.

"A presença de uma camada de água líquida em Titã é importante porque queremos compreender como o metano é armazenado no interior de Titã, e como ele pode vazar até a superfície," disse Jonathan Lunine, da Universidade de Cornell.

"Isso é importante porque tudo o que é único sobre Titã deriva da presença de metano em abundância, mas o metano na atmosfera é instável e destruído em escalas de tempo geologicamente muito curtas," completa.

Um oceano de água líquida, "salgado" com amônia, poderia produzir líquidos que borbulham através da crosta, liberando metano do gelo e reabastecendo o metano que se degrada na atmosfera.

Assim, o eventual oceano de subsuperfície funcionaria também como um reservatório profundo de metano.

Huygens
A sonda Cassini e a lua Titã são velhas conhecidas.

Em 2005, uma sonda que viajou acoplada à Cassini, chamada Huygens, soltou-se e pousou em Titã:.
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