segunda-feira, 20 de junho de 2011

Cientistas se preparam para mais uma tentativa de detectar existência de relâmpagos em Titã

(O Globo) Titã, uma das luas de Saturno e um dos astros em que se acredita que poder haver vida, é a única em nosso Sistema Solar a ter atmosfera. Isso levou os cientistas a perguntarem se também poderia haver relâmpagos em Titã. Até o momento, nenhum fenômeno deste tipo foi detectado nos dados coletados por diversas missões espaciais. No entanto, acompanhar o barulho feito por trovões nesta lua poderia ser uma boa forma de registrá-los, de acordo com Andi Petculesu, da Universidade de Louisiana, que descreveu seu recente trabalho nesta área no encontro realizado pela Sociedade Acústica da América, em Seattle, em maio.

Se há relâmpagos e trovões na atmosfera de Titã, o cientista acredita que seus últimos modelos de computador ajudarão a detectá-los diretamente, e permitir que cientistas acompanhem tempestades quando elas ocorrerem.

Relâmpagos são uma forma particularmente espetacular de eletricidade estática, com uma voltagem muito alta e grande intensidade. Eles ocorrem porque as nuvens se tornam carregadas negativamente com as gotas de água se chocando umas contra as outras durante o processo natural de evaporação e condensação, quando umidade se acumula nas nuvens. Essa carga procura algo com uma carga positiva, o chão, principalmente, e o relâmpago é a "centelha" que fecha a lacuna entre os dois.

A atmosfera de Titã forma nuvens, assim como na Terra, mas por causa da alta pressão atmosférica - aproximadamente o dobro do da Terra - a "chuva" não é composta por água, mas de líquido metano. Logo, em teoria, a mesma separação de carga deve ocorrer ao longo do tempo, produzindo relâmpagos.

Eles já foram observados na atmosfera de Saturno. Análises preliminares "indicam que a troposfera de Titã é muito propícia para a ocorrência desses eventos", disse Petculescu ao site "Discovery News", baseado na observação e nos modelos de computador de eletrificação de nuvem e acumulação de carga.

Descargas sem tanta intensidade elétrica foram diretamente observadas por sensores eletromagnéticos a bordo de naves espaciais. Mas relâmpagos também produzem uma onda de choque acústica (som) na forma de trovão, e Petculescu propõe que adicionar sensores acústicos aos equipamentos dessas missões poderia ser um meio de detectá-los. Nos últimos anos, ele desenvolveu sensores sonoros para fazer isso, capacitando assim os cientistas a acompanharem relâmpagos na atmosfera dessa lua de Saturno.

O objetivo desta vez é avaliar as propriedades do trovão em Titã como um meio para confirmar a presença de raios e quantificar descargas de relâmpagos. Se eles realmente existirem nessa lua de Saturno, devem se eventos muito raros.

Ainda este ano, os cientistas Don Gurnett e Georg Fischer - da Universidade de Iowa e do Instituto de Pesquisas Espaciais em Graz, na Áustria, respectivamente - publicaram um trabalho na "Geophysical Research Letters" reportando que não encontraram evidências de relâmpagos em Titã. Suas conclusões foram baseadas em análises de dados obtidos via rádio coletados pelo último voo da sonda Cassini, da Nasa.

O interesse em descobrir a existência de relâmpagos em uma das luas de Saturno justifica-se porque isso ajudará os cientistas a melhor entenderem mais detalhes das atmosferas planetárias. Outra implicação de trovões e relâmpagos em Titã é que eles proporcionam exatamente o tipo de carga elétrica poderosa que pode provocar as reações químicas necessárias para transformar a sopa de moléculas orgânicas flutuando em Titã em cianeto de hidrogênio e cianeto. Tecnicamente, esses compostos são tóxicos, mas são os precursores de substâncias essenciais, como aminoácidos.

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