terça-feira, 4 de maio de 2010

Conheça os bastidores e veja uma superprodução filmada em… Saturno!


(Cassio Leandro Dal Ri Barbosa - G1) Uma verdadeira superprodução filmada a mais de um bilhão de quilômetros da Terra entrou em cartaz este mês: Raios em Saturno. Uma superprodução completa. Dirigido por astrônomos na Terra e filmado pela Cassini a um bilhão e meio de quilômetros de distância.

Lançada em 1997, a sonda Cassini entrou na órbita de Saturno em 2004, após 7 anos de viagem pelo espaço. Desde então, tem estudado o gigante dos anéis e seu sistema de satélites naturais, tanto com imagens no infravermelho, quanto no vísível, observando também em ondas de rádio.

Depois de seis anos esperando, agora saem as primeiras imagens das tempestades de Saturno. As tempestades em si não são novidade. Elas já tinham sido “ouvidas” pela sonda Voyager, lançada 20 anos antes da Cassini, e eram acompanhadas pelos instrumentos de rádio e plasma da própria Cassini. Essas tempestades em Saturno, assim como na Terra, são marcadas por relâmpagos, que geram um pulso eletromagnético que pode ser “ouvido” em rádios AM, como um “crack” sobre o chiado tradicional quando o rádio está fora de sintonia. As tempestades em Júpiter são tão intensas que podem ser captadas em radiotelescópios tão simples que podem ser feitos em casa, se você souber um mínimo de eletrônica.

Só que até agora ninguém tinha visto um relâmpago em Saturno, não porque essas tempestades são raras, mas porque só agora as condições permitem isso. Saturno é muito brilhante, tanto durante o dia quanto de noite, por causa da luz refletida dos anéis. Comparando, uma noite de lua cheia na Terra ainda é muito mais escura que uma noite em Saturno. Considerando o topo das nuvens, é claro.

E o que mudou para agora ser possível ter essas imagens? É que estamos no aguardado equinócio em Saturno. Durante essa época, os anéis ficam alinhados com os raios solares, refetindo quase nada sobre o planeta. Nessa situação, as noites ficam verdadeiramente escuras e os relâmpagos puderam ser flagrados.

Em 30 de novembro de 2009, a Cassini registrou 16 minutos de imagens contínuas de uma tempestade gigantesca em uma região de Saturno denominada de corredor das tempestades. Durante esse tempo, não apenas as imagens eram gravadas, mas também os sinais de rádio provenientes das descargas foram registrados simultaneamente. As imagens mostram uma nuvem gigantesca, com quase 3.000 km de tamanho. Os raios produziam uma região iluminada de aproximadamente 300 km de diâmetro! Os cientistas da Cassini estão usando esses números para avaliar a energia de cada relâmpago. Essa tempestade em si parece ter a mesma intensidade de tempestades na Terra, mas daquelas mais fortes.

Análises de outros instrumentos mostram que essas tempestades estão dragando a atmosfera de Saturno. Em outras palavras, substâncias que normalmente não são encontradas no topo das nuvens (que é o que a gente vê) estão sendo detectadas pelos espectrógrafos da Cassini. Intensos movimentos de convecção estão trazendo nuvens mais baixas para cima.

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