terça-feira, 30 de março de 2010

Rover da NASA fica mais inteligente


Agora, o computador do Opportunity pode examinar imagens que captura com a sua câmera de ângulo-largo, e reconhecer rochas que se encaixam em critérios específicos, tais como formas redondas ou cores claras. Pode então centrar a sua câmara panorâmica de ângulo mais estreito no alvo escolhido e tirar múltiplas imagens com vários filtros. Crédito: NASA/JPL-Caltech


(NASA / Astronews) O rover Opportunity da NASA, agora no seu 7.º ano em Marte, tem uma nova capacidade: a de tomar as suas próprias decisões sobre suas novas observações. O software, instalado a pouco tempo, é o exemplo mais recente da NASA em aproveitar a imprevista longevidade dos rovers gêmeos para testes reais de uma caminhada mais autônoma em solo marciano, tendo por base avanços feitos em autonomia robótica para missões futuras.

Agora, o computador do Opportunity pode examinar imagens que captura com a sua câmera de ângulo-largo, e reconhecer rochas que encaixam em critérios específicos, tais como formas redondas ou cores claras. Pode então centrar a sua câmera panorâmica de ângulo mais estreito no alvo escolhido e tirar múltiplas imagens com vários filtros.

"É uma maneira de obtermos mais dados científicos," afirma Tara Estlin do JPL da NASA em Pasadena, Califórnia, EUA. Ela pertence à equipe que conduz os rovers, membro sênior do Grupo de Inteligência Artifical do JPL, e líder do desenvolvimento deste novo sistema de software.

O novo sistema é denominado AEGIS (Autonomous Exploration for Gathering Increased Science). Sem ele, as observações conseguintes estavam dependentes do envio das primeiras imagens para a Terra, para serem analisadas pelos operadores em busca de alvos interessantes nos dias seguintes. Por causa dos limites temporais e do volume de dados, a equipe pode escolher conduzir o rover novamente, antes que alvos potenciais sejam identificados ou antes de examinar alvos que não são da mais alta prioridade.

As primeiras imagens obtidas por um rover marciano, que escolheu o seu próprio alvo, mostram uma rocha com o tamanho de uma bola de rugby, com uma cor bronzeada e texturas sedimentares. Parece ser uma das rochas expelidas para a superfície quando um impacto cria uma cratera. O Opportunity apontou a sua câmera panorâmica para esta rocha após analisar uma foto de ângulo largo obtida pela câmera de navegação do rover no final de uma condução no dia 4 de Março. O Opportunity decidiu, sozinho, que esta rocha em particular era a que melhor preenchia os critérios indicados pelos cientistas de entre as mais de 50 avistadas na foto: grande e escura.

"Descobriu exatamente o alvo que queríamos," afirma Estlin. "Esta seleção correu exatamente como tínhamos planejado, graças ao trabalho de muita gente, mas ainda é para nós surpreendente o modo como o Opportunity realizou uma nova atividade autônoma após mais de 6 anos em Marte."

O Opportunity pode usar o novo programa em locais de parada ao longo de um único dia de movimento ou no final da caminhada diária. Isto permite-lhe identificar e examinar alvos de interesse que ao invés poderiam ser negligenciados.

"Gastamos anos desenvolvendo esta capacidade em rovers de pesquisa aqui na Terra," afirma Estlin. "Há seis anos, não pensávamos que poderíamos usar no Opportunity."

Os pesquisadores antecipam que o programa seja útil para instrumentos com campo de visão mais estreito em rovers futuros.

Outras atualizações do software do Opportunity e do seu gêmeo, Spirit, têm sido implementadas desde o seu primeiro ano em Marte. Estas incluem a escolha de um caminho que contorna obstáculos e o cálculo da distância que o braço do rover tem que percorrer até tocar numa determinada rocha. Em 2007, ambos os rovers receberam a capacidade de examinar imagens do céu para transmitir apenas imagens selecionadas. Esta atualização mais recente dá outro passo em frente, permitindo com que o Opportunity seja capaz de tomar decisões sobre suas novas observações.

O software AEGIS permite aos cientistas mudar os critérios usados para a escolha de alvos potenciais. Em alguns ambientes, rochas escuras e angulares podem ser alvos de maior prioridade do que rochas claras e arredondadas, por exemplo.

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