quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Preso em Marte, Spirit faz grande descoberta


(Engenharia & Astronomia) A Ilíada de Homero conta a história de Troia, uma cidade cercada pelos Gregos durante a Guerra Troiana. Hoje, um robô solitário está cercado pela areia de Troia, enquanto engenheiros e cientistas planejam sua fuga.

Bem vindo à “Troia” – no estilo de Marte. O rover Spirit da NASA está preso no Planeta Vermelho em um lugar que a equipe do rover nomeou como a antiga cidade.

Então por quê os cientistas não estão lamentando?

“As rodas do rover quebraram uma crosta, e nós encontramos algo muito interessante no solo perturbado,” diz Ray Arvidson da Universidade de Washington.

Spirit, assim como seu gêmeo Opportunity, tem vagado pelo Planeta Vermelho por quase 6 anos. Durante este tempo, o rover enfrentou várias dificuldades e escapou delas. Na verdade, ele vem dirigindo de ré desde que uma das rodas emperrou em 2006.

Desde o começo, o lema dos rovers era “siga a água.” Ambos os rovers estiveram procurando minerais em Marte que se formaram na presença de H2O. Marte é aparentemente seco hoje, mas minerais podem providenciar pistas que mostrariam que água já esteve ali.

“Foi fácil para o Opportunity encontrar tais mineirais,” explica Arvidson. “O Opportunity pousou no chão de um antigo lago. O Spirit teve que trabalhar bem mais. O Spirit pousou em planícies basálticas formadas por fluxos de lava e escavada por impactos de meteoritos. Houve pouca evidência de qualquer coisa que algum dia já esteve molhado.”

Mas quando o Spirit chegou à uma área de Marte chamada de “Colinas Columbia,” toda a complexidade da missão mudou. “O Spirit encontrou hidróxido de ferro, um mineral que é formado na presença de água. Isso nos alertou da mudança. Nós começamos a encontrar mais e mais rochas que se formaram na presença de água.”

Então o Spirit ficou preso em uma porção de solo solto na beirada de uma pequena cratera. Grande suspiro. Preso novamente.

Mas espere!

“O Spirit teria que se prender para fazer a próxima descoberta,” disse Arvidson.

Enquanto o rover tentava se soltar, suas rodas começaram a escavar o solo, expondo sulfatos enterrados.

“Sulfatos são minerais logo abaixo da superfície que gritam para nós que foram formados em liberações de vapores, já que vapor tem enxofre. Vapor é associado à atividade hidrotérmica – evidência de vulcanismo explosivo movido à água. Tais áreas poderiam ter abrigado vida.”

“E o mais incrível, a fronteira entre o solo rico em sulfatos e o solo com a concentração genérica de sulfatos corre exatamente abaixo do rover. O Spirit está preso na borda de uma cratera — logo acima da fronteira!”

“E também, o rover descobriu que o topo do material rico em sulfato formou uma crosta. Sulfatos antigos provavelmente formaram esta crosta quando foram processados por variações no clima associados à mudanças na órbita de Marte durante milhões de anos.”

Isso é o que cientistas pensam: Quando um polo de Marte encara o Sol em um verão Marciano, ele se aquece neste polo e a água congelada corre para o equador. Até neva lá! Solo escuro e quente abaixo da neve faz a camada inferior de neve derreter. A água passa para os sulfatos, dissolvendo os sulfatos de ferro e formando uma crosta com os sulfatos de cálcio que restaram.

“Estando preso em Troia, Spirit conseguiu nos ensinar sobre o ciclo moderno de água em Marte.” De fato, a saga do Spirit em Troia deu aos cientistas evidência material da existência passada de água em Marte em duas escalas de tempo: antigas épocas vulcânicas, e ciclos que continuam até hoje.

“Nós ficamos aqui por mais de 6 meses. É um longo tempo para realizar medições. Nós aprendemos muito. Troia é um bom lugar para ficar preso, mas nós estamos prontos para ir embora.”

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